02/03/2021

Estamos Junt@s CONSTRUINDO PONTES

 

Orientados pela Pastoral Escolar Vicentina (PEV), os marcadores são momentos fortes de nossa experiência educativa. Referem-se a datas ou tempos específicos da identidade e missão da Educação Vicentina, orientados pela dimensão de nossa confessionalidade e proposta pedagógica-pastoral. Metodologicamente, se apresentam como propostas comuns a todas as Instituições Educativas da Rede.

 

Dentre os marcadores, identificamos o marcador litúrgico da Quaresma-Páscoa. Ele é um convite à Comunidade Educativa para que, à luz da espiritualidade cristã, revisite suas vivências pessoais, comunitárias e sociais, acolhendo o chamamento para a transformação da vida. A isso acenamos quando falamos em “conversão” como categoria de referência do itinerário quaresmal, e na experiência da “passagem” (Pessach), que acompanha a Páscoa, solenidade central da comunidade cristã.

 

Agregando horizontes e profundidade a esse tempo litúrgico, como Igreja no Brasil somos motivados/as pela Campanha da Fraternidade (CF), a viver nosso caminho de “conversão e passagem” em atenção à vida das pessoas, às relações e contextos que nos cercam. Isso fala ao sentido profundo da liturgia que, originariamente significa “serviço de e em favor do povo”. O culto que oferecemos a Deus, comunicado pelos gestos e símbolos que utilizamos, não é alheio ao cotidiano de nossa vida, às alegrias, sofrimentos, desafios e esperanças que nos acampanham todos os dias. Aprendemos de Jesus e de nossos Fundadores que fé e vida caminham juntas!

 

É por isso que assumimos as vivências quaresmais não como um caminho intimista, isolado e focado somente em ações externas de penitência corporal ou ascese espiritual, mas como um tempo de encontros significativos. Isso fala muito à nossa prática pedagógica-pastoral, às aprendizagens igualmente significativas que buscamos construir como escola, aprendizagens estas que não se limitam ao universo cognitivo e científico, mas que falam às múltiplas dimensões que somos e à diversidade de relações que tecemos. Tessitura que envolve afeto, empatia, espiritualidade, valores, cuidado.

 

Neste ano, a CF é ecumênica, com o tema – Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, nos provoca a olhar para o contexto de intolerâncias e polarizações que marcam a sociedade atual, e assumir o compromisso de superação de todas as formas de violência, preconceitos e divisões por meio do diálogo sincero e amoroso. Cristo que, “é a nossa paz” e “do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a) - como expresso no lema da CFE 2021 – nos ensina a reconhecer que nossas diferenças não podem ser sinônimos de divisão e confronto. Indica-nos que o diálogo é a única via possível para uma autêntica conversão e reconciliação com Deus e com os irmãos e irmãs. Nosso seguimento de Jesus e a adesão ao Seu projeto de amor e serviço a Deus e ao próximo pede de nós que sejamos construtores/as de pontes que aproximam, e não de muros que dividem e afastem.

 

Contudo, o diálogo não é um procedimento técnico, um conceito ou uma fórmula a ser aplicada às nossas relações, mas um exercício aprendente, artesanalmente construído todos os dias. Em alguns momentos com mais êxito, outros com desafios, mas fundamental e necessário. Percebemos, assim, a dimensão educativa do diálogo: dialogar se aprende, e aprender requer diálogo. Daqui fazemos um vínculo com a nossa proposta do ano: o diálogo enquanto reconhecimento, acolhida e escuta do outro, é uma conexão de cuidado, uma conexão que verdadeiramente importa. Pontes e muros podem ser construídos a partir de uma mesma matéria-prima; o que muda a intencionalidade de quem o faz e a planta da obra.

 

Como síntese mobilizadora desses conceitos assumimos a expressão “Estamos Junt@s Construindo Pontes” – um verbo (construir) no gerúndio, como indicativo de uma ação em movimento, e um substantivo (pontes) como símbolo das experiências de encontro, diálogo, fraternidade e sororidade a serem tecidas entre as pessoas, experiências, contextos. Enquanto símbolo de encontro entre duas ou mais realidades, a ponte exige o reconhecimento de que há experiências para além de nós (a outra margem) e que a aproximação desse outro necessita de um compromisso mútuo. Não existem pontes de uma única margem, como não existem aprendizagens sem sujeitos, relações, processos.

 

Assim, com o objetivo de fortalecer a cultura do encontro e do diálogo como Comunidade Educativa, esse marcador litúrgico quer nos ajudar a vivenciar com profundidade e leveza o tempo da Quaresma/Páscoa, ao mesmo tempo que move a identificar as pontes a serem construídas todos os dias a partir de nossas presenças e práticas educativas.

 

Percebemos dessa forma que há algo de original na vivência desse marcador no ambiente educativo: a mística do tempo quaresmal se conecta com o que nos move todos os dias - aprender, desaprender, reaprender... como é a dinâmica da vida... sempre a caminho! A passagem da morte para a vida que celebramos no Mistério Pascal de Cristo nos recorda as passagens transformadoras que todos os dias, como educadores/as, buscamos mediar e impulsionar por meio das pontes de nossa presença, escuta, compartilhamento de conhecimentos e saberes.

 

 

Pastoral Escolar Vicentina – Província de Curitiba

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