Dia da Educação Vicentina

 

 

Desde sua origem, a educação integra a identidade e missão do carisma assumido pelas fundações e iniciativas de São Vicente de Paulo, para nós em referência particular à Companhia das Filhas da Caridade e o contributo fundamental dado a esta por Luísa de Marillac. A obra das “Pequenas Escolas” ou “Escolas Paroquiais” voltadas ao letramento e formação religiosa das crianças pobres do século XVII, especialmente das meninas, foi o germe do que conhecemos hoje como Educação Vicentina. Ao longo dos séculos, essas motivações carismáticas foram sendo amadurecidas pelas experiências da comunidade educativa vicentina, e enriquecidas pelo desenvolvimento da ciência pedagógica. Não obstante os diferentes tempos históricos e as realidades socioculturais em que está inserido, observa-se que o projeto educativo vicentino mantém-se fiel ao seu intuito originário que é ser uma expressão efetiva da caridade de Jesus de Nazaré, traduzida em vida em abundância para todos e todas, especialmente para os/as mais empobrecidos/as.

 

Neste sentido, a proposta de um “Dia da Educação Vicentina” nos coloca diante dessa memória histórica compartilhada e convida as Instituições Educativas Vicentinas do Brasil a celebrarem esse vínculo comum, em vista de uma crescente aproximação e interação entre as trajetórias regionais vividas pelas seis Províncias. A data de 03 de abril recorda a chegada das primeiras Filhas da Caridade ao Brasil no ano de 1849, marcando, assim, o início da presença e atuação do carisma no território brasileiro pela fundação do Colégio da Providência em Mariana/MG.

 

Atualmente, as 85 Instituições Educativas que integram a Rede Vicentina de Educação, presente em 16 estados da Federação, buscam aproximar suas experiências e competências a fim de qualificar a ação educativa. Este processo se vincula principalmente à identificação e sistematização de referenciais filosóficos e pedagógicos comuns, fundamentados nas intuições e valores do carisma que integram a ação educativa das Irmãs, estudantes e educadores/as.

 

Memória histórica:

 

A chegada das primeiras Filhas da Caridade em terras brasileiras aconteceu no ano de 1849 por intermédio dos Padres da Congregação da Missão, que já estavam no país desde 1819. As Irmãs missionárias vieram da França por solicitação do bispo lazarista Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana-MG. Frente a necessidade de uma reforma da Igreja no Brasil marcada então pela ingerência do Estado nas questões eclesiais, próprio do sistema do padroado vigente até então, Dom Viçoso e outros bispos articularam o Movimento Brasileiro de Reforma Católica, visando a reforma do clero, a instrução religiosa do povo, a educação da juventude, e a assistência aos enfermos e pobres. Com este intuito, solicitou aos Superiores Gerais de Paris o envio de Irmãs. Sob as bênçãos do Superior Geral Pe. Etienne, em 28 de novembro de 1848, doze Filhas da Caridade partiram do Porto de Havre; uma delas, porém, retornou a Paris por motivos de saúde e foi substituída. À Irmã Virginie Marguerite Dubost foi confiada a responsabilidade pela Comunidade na viagem e na instalação da primeira obra em território brasileiro.

 

Após 76 dias a bordo do navio “Etoile du Matin”, as Irmãs chegaram ao Rio de Janeiro em 9 de fevereiro de 1849, juntamente com cinco padres lazaristas e três irmãos coadjutores. Ali permanecem por trinta dias, e, em 11 de março, partem para Mariana-MG, viajando por 23 dias montadas em cavalos. Ali chegam no dia 3 de abril de 1849, sendo recebidas por Dom Viçoso. A primeira obra, criada no mesmo dia de sua chegada é a Casa da Providência. Dedicavam-se às visitas aos pobres e cuidados dos doentes no pequeno hospital de Nossa Senhora das Vitórias. No ano seguinte, é fundado o Colégio Providência, destinado à educação feminina. As Filhas da Caridade figuram como uma das primeiras congregações de vida ativa a se estabelecer no Brasil, contribuindo grandemente no desenvolvimento dos pilares da educação no país, sobretudo junto à população feminina e mais pobre. Entre as iniciativas inauditas empreendidas figura a instalação de um orfanato para crianças negras, beneficiadas pela Lei do Ventre Livre, cujos pais se mantinham cativos.

 

A expansão das obras é rápida, de modo que em 1858 já eram dezessete casas espalhadas pelas províncias imperiais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina e Pernambuco. Em 22 de agosto de 1860 é fundada a Província Brasileira das Filhas da Caridade, tendo como sede o Colégio da Providência, no Rio de Janeiro. Em razão do aumento das frentes de atuação e a grande extensão do território brasileiro, ao longo dos anos se deu o desmembramento de outras províncias. As atuais seis províncias organizadas no Brasil foram erigidas em 1860 (Rio de Janeiro), Fortaleza (1956); Belo Horizonte e Recife (1970); Amazônia (1991); e a Curitiba (1947).

 

(Fonte: PROVÍNCIA DE BELO HORIZONTE (ed.). 150 anos da Presença das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo no Brasil – 1849-1999. Publicação comemorativa. Belo Horizonte: Artes Gráficas, 1999).

 

 

 



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